Ele olhava para trás de tempos em tempos, tentando divisar na
multidão por quem estava sendo seguido. Do outro lado da rua, eu estava
seguro que não ia ser visto.
Eu olhei para trás exagerando o movimento. Sabia que isso
deixaria meu perseguidor tranquilo, achando que não estava sendo visto.
Aproveitava os reflexos das vitrines de lojas ocasionais para observá-lo
do outro lado da rua. Esse jogo terminava hoje.
Ele seguia por um caminho novo, diferente do habitual. Não estava
indo para o escritório e, muito menos, para a casa de alguma das
“habituais”. Meu único receio era que pegasse um táxi. Isso iria
dificultar as coisas para mim.
No meio de um caso eu percebi que estava sendo seguido. Tentei
continuar meu trabalho, investigando o sujeito e lidar com isso depois,
mas descobri que meu perseguidor estava fazendo perguntas ao meu
respeito. Decidi que seria melhor conseguir algumas respostas eu mesmo.
Quando recebi a ligação achei que seria mais um marido pulando a
cerca. A voz era feminina e tinha aquela rouquidão chorosa. Achei
irônico quando descobri que o sujeito também era um detetive particular.
Quando parei a investigação, já tinha descoberto quase tudo sobre
o alvo: nome Marcos Arantes do Nascimento, 38 anos, pé-rapado, expulso
da polícia, largou a faculdade de direito, virou detetive particular.
Irônico.
E perigoso, andava armado, suspeito de desaparecer com alguns
clientes caloteiros. Nada contra. Também odeio clientes caloteiros.
Descobri que ele tinha mentido para algumas clientes sobre a
fidelidade dos maridos para estimular a infidelidade delas. Talvez tenha
sido algum desses maridos ou esposas que tenha me contratado para
investigar o sujeito. Talvez tenha sido algum deles que tenha contratado
esse cara para me seguir. Não importa, depois de hoje ele não seguia
mais ninguém.
Um desses clientes inclusive era um velho conhecido meu. A esposa
tinha pedido para eu descobrir se ele andava visitando outros
galinheiros. Menti e acabei cantando de galo. Mundo pequeno. Por via das
dúvidas, também passei a andar armado. Marcos Arantes do Nascimento não
nasceu ontem.
-FONTE
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