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Existe vida extraterrestre?

 Um dos aspectos singulares do judaísmo é sua abrangente universalidade. Não apenas o judaísmo fornece uma lição para cada ser humano como também seus ensinamentos se estendem às próprias fronteiras do Universo.
É um axioma do judaísmo que todo o Universo foi criado por causa do homem. Numa passagem, o Talmud calcula haver 1018 estrelas no Universo observável, (o número exato fornecido em Berachot 32b é 1.0634 X 1018) muito próximo do número de estrelas no Universo observável, e explicitamente afirma que todas foram criadas para o homem. Vai mais além, declarando que todos os anjos e mundos espirituais também existem para este propósito.
É claro, isto imediatamente levanta a questão que muitos consideram difícil. Como é possível o homem, vivendo numa partícula de pó chamada planeta Terra, ser o centro do Universo? Nossos Sábios conheciam o vasto número de estrelas no Universo e também notaram que muitas delas eram de magnitude muitas vezes superior à da Terra.
Deve ser bem simples entender que apenas tamanho e quantidade são insignificantes para um D'us infinito. Não se questiona que o cérebro humano é muitíssimo mais complexo que a maior galáxia e, além disso, contém mais informações que todo o Universo inanimado observável. Além disso, o homem é dotado de uma alma Divina que se eleva acima dos mais altos anjos.
Embora a criação deste vasto Universo por causa do homem não desafie a lógica, ainda precisamos buscar uma razão para sua necessidade. Algumas fontes afirmam que, ao contemplar a grandeza do Universo, pode-se começar a compreender D'us.
Um dos primeiros a discorrer sobre a questão da vida extraterrestre foi Rabino Chasdai Crescas. Após longa discussão, concluiu que não há nada na teologia judaica que negue a existência de vida em outros mundos.
Como possível evidência de vida extraterrestre, cita o ensinamento talmúdico de que D'us voa através de 18.000 mundos. Uma vez que eles requerem Sua Providência, devemos presumir que são habitados.




Pode haver até mesmo outras formas de vida inteligente no Universo, mas tais formas de vida não possuem o livre arbítrio e, portanto, não têm responsabilidade moral




Esta citação talmúdica no entanto, não pode ser considerada prova absoluta, pois pode estar-se referindo a mundos espirituais, criados em números infinitos.
Pode-se tentar sustentar esta opinião a partir do versículo (Salmo CXLV:13): "Teu reino é um reino de todos os mundos." Contudo, aqui, também pode-se estar falando de universos espirituais.
A opinião exatamente oposta é a de Rabi Yossef Albo, autor do Icarim. Afirma que, uma vez que o Universo foi criado para o homem, nenhuma outra criatura possuidora do livre arbítrio pode existir. Uma vez que a vida extraterrestre não teria o livre arbítrio, nem seria capaz de servir a uma criatura com livre arbítrio (como os animais terrestres e plantas servem ao homem terrestre), não teriam razão de existir e, portanto, seriam totalmente supérfluas.
Pode-se vir a sustentar esta segunda opinião a partir do ensinamento talmúdico de que toda terra onde não fosse decretado ao homem viver nunca foi subseqüentemente habitada. Contudo, aqui novamente não é prova absoluta, uma vez que se refere apenas a nosso planeta.
Entre estes dois extremos, encontramos a opinião do Sêfer Haberit que afirma que a vida extraterrestre de fato existe, mas que não possui o livre arbítrio. Este é um bem exclusivo do ser humano, para quem foi criado o Universo. Os 18.000 mundos mencionados anteriormente são, em sua opinião, mundos físicos habitados.
A prova que ele apresenta para esta tese é muito engenhosa. Na canção da Profetisa Devorá, encontramos o versículo (Shofetim V:23): "Amaldiçoado seja Meroz... amaldiçoados sejam seus habitantes." No Talmud, há a opinião de que Meroz seja o nome de uma estrela. Segundo esta opinião, o fato de as Escrituras afirmarem "amaldiçoado seja Meroz... amaldiçoados sejam seus habitantes" é prova cabal das palavras de nossos sábios para vida extraterrestre.
É claro, mesmo esta prova está sujeita a refutação. Pois o Zôhar também segue a opinião de que Meroz é uma estrela, porém afirma que "seus habitantes" refere-se a seu "campo", i.e., mais provavelmente aos planetas vizinhos. Não obstante, o significado simples do versículo parece sustentar a opinião do Sêfer Haberit.
O Sêfer Haberit segue dizendo que não devemos esperar que as criaturas de outros mundos lembrem a vida terrestre, não mais que as criaturas do mar se assemelham às da terra.
Afirma ainda que, embora as formas de vida extraterrestre possam ter inteligência, com certeza não podem ter o livre arbítrio. Este último é atributo exclusivo do ser humano, a quem foi outorgada a Torá e seus mandamentos. Ele prova esta última tese com base no ensinamento talmúdico supra mencionado de que todas as estrelas no mundo observável foram criadas por causa do homem.
Pode-se perguntar: se todos os habitantes dos mundos extraterrestres, como Meroz, não têm o livre arbítrio, por que foram amaldiçoados? Contudo, encontramos seres, como os anjos, que podem ser punidos por erros, mesmo que não tenham o livre arbítrio.
A premissa básica da existência de vida extraterrestre é fortemente sustentada pelo Zôhar. O Midrash ensina que há sete terras. Embora Ibn Ezra tente discutir que se referem aos sete continentes, o Zôhar afirma claramente que as sete são separadas pelo firmamento e são habitadas. Embora não sejam povoadas pelo homem, são domínios de criaturas inteligentes.
Assim, encontramos a tese básica do Sêfer Haberit sustentada por numerosas afirmações claras de nossos sábios. Pode haver até mesmo outras formas de vida inteligente no Universo, mas tais formas de vida não possuem o livre arbítrio e, portanto, não têm responsabilidade moral.
No entanto, o livre arbítrio, não é uma quantidade observável. Mesmo sua existência no homem tem sido motivo de calorosos debates por filósofos leigos. De fato, a prova principal de que o ser humano tem o livre arbítrio advém do fato de que D'us dotou o homem com a responsabilidade moral, ou seja, a Torá. Nesta sublime, ainda que não observável qualidade, o homem é único.
Contudo, se tomarmos este fato como verdadeiro, voltamos à pergunta básica de Rabi Yossef Albo: Se tais criaturas nunca tiveram utilidade para o ser humano, por que existem?
Encontramos uma resposta fascinante para esta pergunta no Ticunê Zôhar. Sobre o versículo (Shir Hashirim VI:8), "Mundos sem número", o Ticunê Zôhar afirma: "As estrelas com certeza não têm números. Mas cada estrela é um mundo à parte. Estes são os mundos sem número."
O Ticunê Zôhar vai mais além, afirmando que cada tsadik (justo) governará uma estrela e, portanto, terá seu próprio mundo. Os 18.000 mundos mencionados seriam, assim, o número de estrelas, chefiadas pelos 18.000 tsadikim aludidos no versículo (Yechezkêl XLVIII:35) "A Seu redor estão dezoito mil." Contudo, estes podem-se referir apenas àqueles mundos visitados diariamente pela Presença Divina, mas pode haver incontáveis mundos para os tsadikim menores.
Portanto, temos uma razão muito fascinante por que as estrelas foram criadas e por que contêm vida inteligente. Uma vez que uma Terra superpovoada não dará aos tsadikim o alento de que necessitam, a cada um será dado seu próprio planeta, com toda sua população para enaltecer seu crescimento espiritual.
Agora que sabemos que as estrelas e os planetas foram criados como um domicílio para os tsadikim, podemos tentar imaginar como eles serão transportados para lá. Ao discutir a passagem (Yesha'yáhu XL:31) "Eles subirão com asas como águias," o Talmud afirma que no Mundo Futuro D'us concederá asas aos tsadikim para escaparem da Terra. O Zôhar dá um passo além e afirma que "D'us lhes dará asas para voar através de todo o Universo."
De certo modo, este ensinamento prevê o surgimento das viagens espaciais. Mas, mais do que isso, fornece ao menos uma das razões por que os vôos espaciais seriam inevitáveis ao prelúdio da Era Messiânica. Isto, é claro, nos levaria à discussão geral do papel da moderna tecnologia na perspectiva da Torá, um extenso assunto por si só.
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Um comentário:

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:) Obrigada pelo comentário, tentarei respondê-lo mais tarde.